invisible weight
Na sala de aula, um campo de batalha,
Onde as notas são balas disparadas sem dó algum.
O dez é o troféu inalcançável,
E o nove, motivo de uma vergonha só.
Carrego cadernos cheios de pressa,
Testes que gritam: “Sê perfeita!”
Mas cada acerto traz só um alívio breve,
E cada erro cometido um fardo no peito.
Chego a casa, procurando um abrigo,
Mas encontro julgamentos em vez de calor.
“O que custa fazer algo bem?”
“Se tivesses estudado terias conseguido melhor nota”
“Não fizeste o suficiente pq?”, perguntam,
E o “inútil” corta mais que qualquer dor.
Um prato quebrado, um esquecimento parvo,
Tornam-se crimes que definem quem eu sou.
A casa, que deveria ser um lar,
É um palco onde o amor se apagou.
Sinto-me pequena, frágil, invisível,
Com medo de errar, com medo de tentar.
O espelho reflete uma estranha em pedaços,
Eu
Uma filha que só quer escapar.
E cresce a vontade de partir mais cedo,
De procurar nas ruas o que me falta aqui.
Mas o mundo lá fora é frio e incerto,
E a insegurança não me deixa sair.
Entre as cobranças e as críticas sem fim,
Morre a certeza de que sou capaz.
E no silêncio do meu quarto, sonho com dias
Em que o amor não me peça mais.
Se ao menos soubessem que as palavras pesam,
Que as notas e tarefas não são quem sou,
Talvez houvesse espaço para o diálogo,
Nunca existente
E o afeto que nunca desabrochou.
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